Abre Aspas


"
O poeta é um fingidor. Finge tão completamente, que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente." (Fernando Pessoa)

8 de agosto de 2010

Fama


Matilde
Ela sabe meu nome
Diz o meu carro
O que eu fiz ontem
Me segue aonde eu vou

Eles me amam
Me adoram

Jogue o tapete
Ele não está de enfeite

Minha vez de passar

Dinheiro



Essas notas
Para que são?

Viagens?
Eu gosto
Conhecer coisas novas
E inusitadas

O ego?
Amaciado
É capaz
Não importa o que seja

Compre
Jóias, perfumes
As roupas são brindes

Abra o leque
Esse não
Talvez a outra

Quero o que bem entender

Ler


Desculpe
Você não vai conseguir

Tente
Mas é impossível de ler
As entrelinhas
Estão no sub

Entranha mais
Intrínseco está

Ainda não viu?
Então desista
É demais

Na próxima vida quem sabe
Volte para casa
Não há o que fazer

Jogar


Cada um do seu lado
Nessa luta
Com dois vencedores

Provoca
Mexe no ponto fraco
Volta
E faz carícias

Agora sou eu
Deixa eu massagear o seu ego
Hora de ir
E fazer você perceber
Não é o único

Vem atrás

Sua vez de dizer o quanto me ama
Joga seu charme
Conquista
Faz acreditar que é o escolhido

Você vai
Eu venho

Xeque
Sem mate por favor

Agora


Lá fora é outro mundo
Aqui dentro
E só

A música é boa
As pessoas agradáveis
Estou
E basta

Remexe

Aproveita
Essa é a sua vez

Ninguém nunca te chamou pra subir ao palco
Cante
Encante
Com seu jeito e sinceridade

Falta ao resto

Em cima do tablado
O destaque é você

Carne


O que há por trás
Essa pele suculenta

Apalpando
Até que não é mal
Só há um jeito de saber que é bom

Mostre
O além
Por dentro

É o que me interessa

Quanto menos mole
E quanto mais forte for
Dá sabor

Faz ter vontade

Ser

Tudo conspira

Vai acontecer
E assim vai

Nada de errado
É
Imutável

Será
Será
E será

Continue
É o caminho

Siga
As placas te perseguem
E mostram que é isso

Ocupado


De novo
Pensei que era outra pessoa
Essa conversa me enche

Muda esse assunto
Não consegue falar de política
Economia
O que seja
É melhor que isso

Esqueça o que aconteceu
Já passou

Eu tenho mais o que fazer
Esses desabafos desonestos
Já deixaram de me encantar

Cada um seguiu seu rumo
E o meu está ali, bem longe

Deixa eu ir para a corrente
E ver que o que me espera
É muito mais do que me oferece

Minhas malas estão prontas
Arrumadas e despachadas
Me deixe em paz

Esse seu papo me cansou

Ir


Cadê?
Não vejo nada em frente
Onde está a luz do fim do túnel?

Os olhos estão vedados
Mas as pernas me fazem ir
A algum lugar

Parece que é assim
Andar
Sem saber onde
Sem saber como
Andar

Obrigados a prosseguir
Em mecanismos

Não pare
O mundo roda
Você parou
Ele não

Vá e descubra o que há
O escuro é o futuro
Faça dele sua moradia
Não tem escolha
Somente faça

Desejo


Não quero o perfeito
Enjoa
Prefiro cru
Ardido

Feio e honesto
Como deve ser

Não quero agrados e mimos
Quero as brigas
E os seus dias mais chatos

Faz sentir vivo
E mexe no ponto G

Aumenta a vontade
De desvendar o mistério

Eu quero poder sonhar
Com o inferno
E a monotonia do cotidiano

Usar e abusar dos seus defeitos

Eu quero o que ninguém quer
O lixo da personalidade
E o monstro escondido
Pela mascara