Abre Aspas


"
O poeta é um fingidor. Finge tão completamente, que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente." (Fernando Pessoa)

15 de setembro de 2010

Apagar

Foi para longe
Levado
O esquecimento
Passou por aqui

É a minha maneira
De superar

Tentei de tudo
E restou a válvula
Que escolhi sem demora
Antes que perdesse a coragem

A vida como é
Está cada vez menos
O que sonhei

A minha chance
De dar um novo sim
A mim

Expulsar

Vai embora
Cansei
Esse lugar
Pertence a mim

Saia desse terreno
Que me faz ter segurança

Mostra o quanto eu estou bem
Pare de me perturbar
Suas mentiras
Promessas em vão

Perderam o sentido

Vá e não olhe para trás
Quero esquecer qualquer vestígio da sua cara
O seu cheiro me incomoda

Esqueça que um dia
Esteve aqui

É a minha vida
Me deixe a sós com ela

Confirmar

Digo
Repito para quem quiser
Gosto mesmo

Esconder é impossível
Está na minha cara
Quando olho
Penso

Lembro o quanto é bom te ter

Confesso que neguei para muitos
Para mim
E menti por orgulho

É mais fácil dizer que não

Mas resistir
Foi um erro
Desgastante
Desnecessário

O meu coração está na bandeja
Servido cru
Sem acompanhamentos

Amanhã

Quero um dia novo
Onde eu possa acordar
E esquecer

Um novo eu
Que me faça ter outro passado
Outras histórias
Deixando para outros
O mérito de não ser
Mas ainda estar

Essa parte
A censura proíbe
De ser lembrada
Falada
Citada

Pertence ao ser que não é você
São tempos diferentes

Sinto falta
O acordar sem pudor
Me fazia bem