Abre Aspas


"
O poeta é um fingidor. Finge tão completamente, que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente." (Fernando Pessoa)

22 de agosto de 2010

Limpar


Deixe ver como é
Vou pegar um pano
Está embaçado
Empoeirado

Quero levar para a casa
E cuidar

Aqui você não está bem

Vou te dar um lugar seu
Fazer ficar brilhante novamente
E dar o real valor

Já foi muito maltratado
Mas ainda há tempo de salvar
As bases são sólidas
Não se desgastaram

Dê-me a chance
De consertar o que fizeram com você

Nascer


Faça força
Está vindo
Trazendo um novo sentido

Sem expectativas
Não sabe o que virá a ser
Descubra o seu existir
E a cada dia
Deixe com que ele cresça

Mostre os limites
Ele vai saber o que fazer
Senão
Ajude a se acalmar

Jogue fora as algemas
E segure na sua mão
Para aprender a andar
Ele precisa de apoio

Renascer


Sumiu
O vento levou
Agora é primavera

Vamos aproveitar
As flores estão mais coloridas

Siga o som do rouxinol
Ele leva para as alturas
Traz boas lembranças

O voar
Liberto
Sem medo

Manobras
Que antes não se viam

Hora de reproduzir

Encontre o gineceu
Seu
Fecunde
E traga frutos

Eles vão alimentar
Muitos e muitos
Por muito tempo

Cuide do jardim
Nunca é tarde para retirar o que atrapalha a crescer

Dançar



Cale-se
Nosso corpo já fala por nós

Vamos dançar essa melodia
Que é sensível aos nossos ouvidos
Essa é a chance

Faça

Não perca tempo
Palavras
Podem diminuir
Olhe o que acontece

Veja a sintonia sendo criada

É um quadro de impressões
Expressões

Siga
O caminho você conhece

Instinto
Grite
Aja
Possua

Ligação direta
Sem segredos

Feriado


Folga
Acordar tarde
Esquecer o relógio
E lembrar o que é relaxar

Sentar
Beber água de coco
E se esbaldar com o vento que refresca

Descanse
E lembre-se do tempo
Que você ainda não tinha responsabilidades
A louça fica para amanhã

Hoje vou sair
Me perder na imensidão da noite
E deixar a rotina em casa
É festa dos ratos
No mais imundo bueiro

Falar de futebol
Beijar
Rever
As novidades são muitas

Não se preocupe
O despertador toca
E termina o sonho

Saber


A fórmula
Falhou
O tapa
Bem na cara

Volte para a escola
Aprenda
Ninguém soube
Ninguém sabe lidar com isso

Usa
O que diz a intuição

Esse medo
Todos sentem
Mas não esconda a face
Ela ainda está vermelha

Resta o outro lado

Intimidar-se não resolve
Paralisa

Siga
E faça com que a sombra
Não atrapalhe a caminhada

Talvez


Poderia
Um dia
Se fosse
O outro lado

Pode ser
Diferente
Não sei

Escolha
E o caminho será seu

Inocente


Não me olha assim
Essa mão
Está onde deseja

Ninguém pode julgá-la
Ela luta
Contra si mesmo
Todos os dias

Quer realizar a sua vontade maior
Ir

O lugar é proibido
Entrada permitida
Para poucos

Sem que ninguém visse
Ela chegou
Agora quer tira-la

Deixe a crueldade de lado
E deixe

Mal não faz...