Abre Aspas


"
O poeta é um fingidor. Finge tão completamente, que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente." (Fernando Pessoa)

27 de setembro de 2010

Fim

Chegou o limite.
Espremi ao máximo
E foi isso que saiu

Sem lamentações
Se anuncia um outro começo
Que precisa de espaço
Para crescer

Inevitável
Doloroso
Satisfatório
Necessário

Os créditos
São para os que aguentaram
A expressão egoísta do ponto

Engula
E digira tudo
Palavra por palavra
Jogue fora o lixo
Absorva os nutrientes

Pratique o exercício contínuo
De repetir o exercício

Aguarde os próximos que virão
Mostrarão um pouco mais
Dessa poção
Que será aplicada em conta gotas

Por hora
Acabou...

26 de setembro de 2010

Salvar

Ainda há tempo
Me tire dessa lama
E me faça ver a luz do sol

A Kryptonita suga
Cada vez mais minha força

Os dias de glória
Ainda podem voltar
Preciso de você
Senão perco

Vire escada
Seja o degrau para o além
Além daqui
Depois de todas as pedras
O que pode haver?

Deixe que eu descubra
Me ajude

Parar

Chega!
Cansei dessa batida
Fale para o DJ
Enjoou

Martela
Como prego vai entrando

Mude de ritmo
Ou desista de tentar
Não consegue me agradar
Penso somente no que perco
Estando aqui

Essa música é ultrapassada
E você dos limites passou

Largue a criancice
Vá ciscar em outra freguesia
Mas me deixe em paz
Essa ladainha eu já sei de cor

Desligue esse som

Relembrar

Como éramos...
Novos
Mal sabíamos o que esperava

Tudo começou
Quando você foi de penetra
Na minha festa
E conversou comigo

Disse que tinha errado o lugar
E perdido a vontade de ir
Depois de me ver

Ironia
Ou destino
Tive que ir
Sem querer

Guardo comigo
Os momentos eternizados
Filtrados
Prefiro estar próximo ao belo

As lágrimas secaram
O ciclo seguiu
Agora é outra fase

Pensar

Veja por onde passou
O quanto cada passo foi importante
Um erro
Poderia ser fatal
E mudar toda a jornada

Se está ruim
Melhor pode ficar
E como não há volta
Analise

Os ensaios foram cancelados
E a peça começou

Um ato atrás do outro
Sem volta
Improvise
Diga a Hamlet
Que a dúvida do ser
É o que move o moinho

25 de setembro de 2010

Libertar


Vou arrancar
Essas correntes
Pesam
Machucam

Achei a chave
Para solta-las
Estavam dentro de mim
Conseguir ver
Depois que perdi meu estomago

São tantas cópias falsificadas
De um modelo podre
Fica difícil não enjoar

É hora de ir embora
Que venham os próximos
Os últimos ficaram para trás
Deixe-os com a poeira

Peguei uma roupa nova
Menos justa
Mais confortável para o meu novo corpo
Essa é minha moda

Encarar

Vem
Pare de perder tempo
Esperando eu desistir?
Nem pense nisso
Vou até o fim

Quero ver quem aguenta mais

Você tem que aprender
Comigo não se brinca

É um beco sem saída
Pisou e agora vai sentir
As consequências são maiores
Do que um dia você imaginou

Chega mais perto
Vou mostrar quem é o macho

Início

Foi dada a largada
Será que vai dar certo?

Ainda tem tanto pela frente
Mal consigo ver o próximo passo
Quem dirá os outros
Medo

Já vi tantos que foram
Não voltaram
Não chegaram...

Mas ficar parado
Parece perder tempo
Alguém pode fazer no meu lugar
Então vai ser tarde
E nunca vou saber como teria sido

Coragem
É diferente
Agora é você
Está tudo em suas mãos
Ir
E descobrir um novo mundo

Proibir

Não!
Para trás
Aqui não!

Este é um clube seleto
Sem credencial
Sem possibilidade

Vou ficar parado na porta
Impedindo qualquer um que tente
É meu
Eu tenho esse direito

Esqueça a vontade de ultrapassar
Os limites
Essa terra
Você não pode conhecer

Recolha-se
E fique
No seu lugar
Mas aqui
Não!

Causar

Fui eu
Confesso
Que o motivo de tanta exaltação
Sou eu

Esqueci de pensar em você
A culpa
É o peso que vou ter que carregar
Sozinho

Não quero que apague
Aconteceu
E deve ser assumido

Só peço compaixão
Os momentos bons
Também devem ser lembrados
Julgue
Que a moeda tem dois lados

Existem
E convivem harmonicamente
Um com o outro

Mendigar

Mais
Por favor
Eu desejo

O que quer em troca?
Te dou o que quiser
Um pouco
Nem que seja o cheiro
Para eu poder sentir

Me deixa ter o gostinho
De ter perto de mim
Esse tesouro
Por um segundo

Pode cronometrar

Não peço mais que isso
Essa lasca
É o suficiente

Cantar

Joga
Na melodia
Todos os seus pensamentos

Nunca esqueça
Da harmonia
Entre as palavras
Frases entoadas
Com vontade
Expressão

Ritmo necessário
Para levar a outro mundo
Onde essa música
É o que dá o tom

Mi maior
Sustenido

20 de setembro de 2010

Falar

Solte o que está preso
É o que sua vivência
Mostrou como certo

Eu respeito

Pode citar
E parafrasear
Aqueles que expressaram melhor
O que você pensa

Errado é esconder
A hipocrisia está
Em deixar de lutar pelo que acredita

Ensinar

Mostre como se faz
Acho que salguei demais

Prefere menos azedo?
Diga onde coloco o tempero
É essencial
Para manter o sabor

Não quero errar de novo

Indique a forma certa
Caso não seja igual a que tenho
Farei o mais parecido possível

Perder o ponto
Queima o que há dentro

Constranger

Onde foi parar o senso?
É ruim para mim
Péssimo para você

A platéia vai começar a vaiar
O show é um fracasso

Junte suas coisas
Vá para casa
Ficar insistindo
Não leva a lugar nenhum

Talvez
Até vire uma piada

Se ouvir sons
Fique calmo
A loucura passou longe
São apenas os risos

Dúvida

Esse olhar
Há algo nele
Meio perdido

As atitudes são seguras
O que abala um forte?
A guerra acabou
O fogo cessou

Me conta
Que mal te aflige

Talvez seja uma impressão errada
O pressentimento
Falha às vezes

Se aproxime
Confie
E transpareça
Ficar assim é cruel

Consome meu tempo
Meus pensamentos

Me sinto preso
A capacidade da minha imaginação
Preciso de fatos
A criatividade acabou
Só me resta recorrer a certeza

18 de setembro de 2010

Amadurecer

Criancice
Atitude sem outro motivo
Além de um ego com tapadeiras
E inconsequente

Pensar no todo
E não na parte

O ato
É um espelho
O que você faz
Volta

Maior, menor
Depende do ângulo
Mas a imagem se forma
Inerte a sua vontade

Cuidado
É fundamental
O reflexo pode cegar

Refletir
Antes de agir

Compreender

Pesquise
E tente entender
As confusões
São reflexo
De algo maior

Complexo
Existe uma infinidade de fatos
Escondidos

Percorra o caminho até OZ
E descubra
Que sempre esteve ao seu alcance

Basta olhar
Enxergar e ver

O coração está ali
O medo não é infundado
O cérebro foi vedado
Perdeu a capacidade de ser racional

Esqueça os julgamentos
Pertencem ao raso
Se aprofunde
Desvende a Esfinge
Antes que o cansaço te engula

Veja também: Renovar

Recomeçar

Abaixar
Pegar a minha dignidade
E colocar onde devia estar

Vergonhoso
Mas necessário

O mesmo erro
Duas vezes
É fingir que nada aconteceu

Não deu certo
Reconheço

Hora de trilhar um novo caminho
Que me leve ao destino
Que eu sempre busquei

Levantar a cabeça
E deixar passar
O passado
Fica como ensinamento

Os tempos são outros...

Misturar

O amargo do café
Com o leite fresco da manhã
Falta um pouco de açúcar
Adoce

Sua avó fazia assim
Criou a tradição
E passou pra frente

Mostrou que cada coisa
Tem algo bom
Juntos
Fica melhor

Dosando
Cada atitude
Para não perder a mão
E não estragar a receita

15 de setembro de 2010

Apagar

Foi para longe
Levado
O esquecimento
Passou por aqui

É a minha maneira
De superar

Tentei de tudo
E restou a válvula
Que escolhi sem demora
Antes que perdesse a coragem

A vida como é
Está cada vez menos
O que sonhei

A minha chance
De dar um novo sim
A mim

Expulsar

Vai embora
Cansei
Esse lugar
Pertence a mim

Saia desse terreno
Que me faz ter segurança

Mostra o quanto eu estou bem
Pare de me perturbar
Suas mentiras
Promessas em vão

Perderam o sentido

Vá e não olhe para trás
Quero esquecer qualquer vestígio da sua cara
O seu cheiro me incomoda

Esqueça que um dia
Esteve aqui

É a minha vida
Me deixe a sós com ela

Confirmar

Digo
Repito para quem quiser
Gosto mesmo

Esconder é impossível
Está na minha cara
Quando olho
Penso

Lembro o quanto é bom te ter

Confesso que neguei para muitos
Para mim
E menti por orgulho

É mais fácil dizer que não

Mas resistir
Foi um erro
Desgastante
Desnecessário

O meu coração está na bandeja
Servido cru
Sem acompanhamentos

Amanhã

Quero um dia novo
Onde eu possa acordar
E esquecer

Um novo eu
Que me faça ter outro passado
Outras histórias
Deixando para outros
O mérito de não ser
Mas ainda estar

Essa parte
A censura proíbe
De ser lembrada
Falada
Citada

Pertence ao ser que não é você
São tempos diferentes

Sinto falta
O acordar sem pudor
Me fazia bem

12 de setembro de 2010

Admirar

Olhe para cima
No topo da escada
É assim que me vê

O feitor
De todas as suas vontades reprimidas

Eu sei
Você quer ter coragem
Ir em frente
E chegar ao centro

Crie sua rota
Esse pedestal não me cabe
Cansa ficar parado desse jeito
Sou a porcelana escondida pelo ferro
É só uma máscara

Estamos na mesma altura
O nível é de desespero
A segurança ficou longe
E a corda bamba
É o único meio

Vá sem pressa
Com vontade
Determinação
E não perca o equilíbrio

Atrás

O que não se vê
Escondido
Pela ótica

Revelador
Está a espera
Para ser descoberto
Existe

Pode ser melhor
Tem medo?
Guie-se pela vontade
Não perca tempo
Vire

Descrever

Desse lado
Parece fino
Preto
Sem graça
Mal sei para que serve
Deve ser objeto de enfeite

Agora não sei mais
Ficou grande
Mais ainda preto
Uns buracos
Será que tem algo dentro?

Este é parecido com o outro
Com alguns arranhões
Caiu certamente

Finalmente
Clareou
E posso ver sua utilidade

Mostra o mundo
E o que quiser
Sem limites
Viaje a vontade

11 de setembro de 2010

Tramar

Passe por debaixo da escada
Vire a segunda porta a esquerda
Abra a gaveta da estante de madeira
E leia em voz alta
O papel dobrado em três

“Minha vida não é mais a mesma
Te conheci e reconheci
Que não vivo sem você
Quero sua presença constante
No meu acordar e dormir

Nas noites com dores de cabeça
Nos passeios de domingo
O seu existir me completa
E a cada dia estou mais certo disso

Casa comigo?”

Arquitetar

Podia mudar o quarto
Trocar a cama
Uma maior seria uma boa pedida

Duas pessoas
Precisam de mais espaço para dormir

Amanhã pensamos no escritório
Pode não ter tanta serventia
Com um novo integrante chegando
As responsabilidades crescem

Talvez as férias nos Andes
Fiquem para depois
Quando ele já puder andar sozinho

Mas nunca esquecerei
Do que há entre nós
Teremos sempre o jantar à luz de velas
E as rosas no jardim

Vamos aproveitar cada segundo
E jamais
Esquecer o quanto é bom viver

Vingar

Acha que é assim?
Espere que tem volta
As vezes que te ajudei

Eu te carreguei nos braços

E agora esfrega o lixo em mim
Sem compaixão
Consideração maldita
Engula essa porcaria
Saiu da sua boca

O tapa
Vai ser o começo do hematoma
Vou deixar uma herança
Que seus netos irão lembrar

Jogar na sua cara
A pedra cuspida
Atirada no meu peito

Cutucou a onça
E vai sentir o arranhão
A resposta
Pelo cachorro que se tornou

Chocar

Defecar
E experimentar
O excremento

Coma
A sobra dos porcos
Lavagem
O feio a mostra
De todos os ângulos

Veja
Sinta
Absorva esse pus social

Engula
O sangue da ferida

Mostre a bunda
Para a sua avó
Na orgia familiar dominical

Ande nu
Pelos corredores da escola
A obscenidade tradicional
Geograficamente localizada

Deixe a inconsciente vontade
De ser a carne
Visitar o andar de cima

Chupar

Para dentro
O gosto

Delícia

Permitir
Que meu paladar sinta
Doce, salgado
Amargo fim

Vontade
De engolir
Mas o prazer
Se dá aos poucos
Pelo derreter

Saborear
Cada milímetro

Salivar
Só assim posso alcançar...

Vou sugar tudo para mim

Complicar

A rotatividade desmedida de uma esfera presa a um suporte, que de maneira descritiva baseada nos conhecimentos adquiridos na formação endocultural de um ser não é ele capaz de atingir esse objetivo, possui a capacidade de proporcionar a agradabilidade da presença em locais de grande aglomeração, pode ser utilizada para outros fins não publicáveis em meios sociais e desconfortar e chocar outros pelo fato de achar exagerado tal medida. Em certas ocasiões, esta mesma invenção que busca melhorar a convivência entre os seus usuários pode trazer desconforto generalizado por sensações do seu uso inadequado ou incontido, sendo alvo de ações repreensivas que geram sentimentos de contenção por parte do atingido.

7 de setembro de 2010

Evoluir


Paixão platônica
Que me apoia
E faz ser mais divertido

Cada labuta

As horas passam...
Você ainda está aqui
Todos voaram

Eu passarinho
Mas sempre contigo

Entre todos os erros
Brigas
Mágoas esquecidas
Com um sorriso e um gesto

Os cabelos de Sansão cresceram
E eu subi as tranças
Alcancei a torre
Que poucos foram capazes de chegar

Somos espelho
Um do outro
Um pelo outro

Chatear

Só isso?
Me mostra mais
Me mostra mais

A ponta é pouco perto do que tem
Conta tudo
Aonde você vai?
Não saia sem me avisar

Na última vez
Trouxe problemas
Mostrou a incompetência
Sua
Aprenda a fazer
Já disse como deve ser

Me escuta
Me escuta
Me escuta

Corresponder


Também
Já vi esses planos
Sempre quis conhecer Zaratrusta
E me perder no Saara

O lado esquerdo
Me é confortável
Para dormir e sonhar
Com um mundo...

Bem que disseram
Que mais alguém
Era capaz de ver o cinza
Ele está no meio de nós

Quem sabe os astros ajudem
Conspiram para exterminar o mal
E vencer a luta cósmica
Juntos é mais fácil conseguir

Almejar

Olho
E penso como escapa as mãos
Perto
Sempre

Escorrega nos apertos
Na confissão
De vontades desmedidas

A libido
Concentrou
Se apertou no cerco
A sua volta

Quero pular muros
Ultrapassar
As fronteiras dos meus sonhos

Torna
Antes que entorne
E se perca a poção
A mágica faz parte do show

Dividir


Um pedaço
Do que se foi
Está perdido
Solto no espaço
Procurando alguém que encontre

Desejo para mim
A parte que é sua
Completa

Cobre o vazio

Preenche
E acaba
Com a constância de ecos
Inconscientes
Presentes

Partilha a alegria de ser mais
Mais que amigos
Companheiros, amantes

Você e eu
Nós

30 de agosto de 2010

Comer


Morder
Triturar
Digerir
Cada centímetro

Absorvido
Para manter
Em pé

Fumar

Sugar essa neblina
Fabricada
Para consumir
Meu corpo

O prazer
De esquecer o cruel

Fantasma
Que assombra
Todos os dias

A válvula
Que escapa
A fumaça
Acalma
Calma...

Beber


Está seca

Aliviar
A angústia
A falta

Molhar
Para satisfazer
O fisio
Vontade lógica

Sem explicação
Nem precedentes
Aparece quando quer
E incomoda

29 de agosto de 2010

Enobrecer


Privilegie
O nosso meio
High
Sinta-se lisonjeado

Está aqui
Fez por merecer
Agiu como devia
Chegou a recompensa

Abriu mão de você
Por outros
Nós
Estamos gratos

Vista o que o reinado oferece
Faça bom uso

Política


O meu projeto
É inútil
Sem ajudas

O seu apoio
Fundamental
Ganhar
Para conseguir realizar

O que exige?

Menos
Assim as mãos abanam

Talvez
Metade
Ceda
Eu fiz minha parte

Ceda
Trabalhoso
Mas é confortável
Para ambos

Via dupla
Evite atropelamentos