Abre Aspas


"
O poeta é um fingidor. Finge tão completamente, que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente." (Fernando Pessoa)

14 de junho de 2010

Desencontros

Ela andou com pressa
Tinha que ir ao trabalho
Resolver os últimos detalhes

Ele ficou em casa lendo Nietzsche
Divagando sobre o existir
Sentir e ser

“Que vestido bonito!”
Ela pensou e agiu
Levou-o logo para a casa
E já decidiu sair a noite com ele

Foi almoçar com os amigos
Cantou a garçonete
E conseguiu o seu telefone
A noite estava garantida pra ele

Saiu do escritório e foi logo para a casa
Fez as unhas, arrumou o cabelo
Chamou as amigas e saiu

“Duas caipirinhas por favor!”
Ele chamou a garçonete para dançar
Depois da quinta música
Sentiu sede
Enquanto pedia água
Ele a viu
Bonito sorriso
Olhos marcantes

Ela olhou para ele
Sentiu algo diferente

Ele voltou para a pista
E nunca mais se viram...

Remoto


Passeando pela praça
Vi um marido brigando
Com sua mulher
Discutindo por muito tempo

Motivo com certeza havia
Desavenças não surgem do nada
Possivelmente era culpa do controle remoto

A senhora da rua ao lado
Que sempre passa por aqui
E reclama de dores desconhecidas
Sofre de controle remoto!

Por isso também
Deve ter fugido de casa
O menino, na noite passada
É sempre controle remoto