Abre Aspas


"
O poeta é um fingidor. Finge tão completamente, que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente." (Fernando Pessoa)

19 de agosto de 2010

Guerra


A luta começou
Mostre suas armas
Se posicione

Atacar é a melhor maneira de se defender
Não perca tempo
Fira todos
Extermine o oposto
                      
Faça ele sentir
Como o seu ódio
Te corrói

Discordar?
É impossível

Diz isso
Porque não sabe o que passou
As vezes que chorou
Sofreu

Desconte toda a raiva

Aproveite a oportunidade
Nada de desculpas
Perdão está fora de cogitação
A dor é muita para ser esquecida

Acabe com eles
E depois perceba
Que o vazio continua onde sempre esteve

Lembranças


Já passou
Merece ser guardado

Carrego sempre
Sejam camisas encharcadas
Pelo choro descontrolado
Ou o barulho de um riso sincero

Estão no bolso da camisa

Quer ver?
Uma vez tive vontade de esquecê-las
Deixar para trás
Por uma pedra

Não adiantou
Elas voltaram

Marcaram seu lugar
Com ferro e brasa

Resposta


Consegui?
Sua opinião conta

A comunicação é uma via
De mão dupla
Nada se propaga no vácuo

Feedback-me

Diga quais são os erros
E acertos
Desse tiro no escuro
Que foi mirado em você

Perca o medo de magoar
As críticas ajudam a crescer

Me ajude a ser melhor

Viver


Quero ver mulheres nuas
Fumar e cheirar drogas que viciam

É hora de soltar as algemas
Traga a chave
Abra a porta
E deixe entrar a poluição

A auréola vai ficar em casa
Ficarei hospedado no hotel Obscuro
Da rua sem saída, 666

Vou tirar as poeiras
Não cabe mais embaixo do tapete
Quero engolir
Até me sufocar

Perder
Jogar até o último centavo
E descer a escada até o último degrau

Visitar o subsolo
E rockear até a casa cair

Quero testar as bases
Do lado conservador de direita
Ensurdecer os reacionários
E fazer a esquerda ficar azul de inveja

Da atitude desprendida
De revolucionar a pirâmide social
Jogando-a para cima
E deixando se quebrar

Possuído
Pelo pecado

Herói


Estenda sua mão
Quero sair daqui

Você que não tem defeitos
Me mostre qual é o caminho da perfeição
Onde San Andreas suma do mapa

A espinha continua me atrapalhando
A vencer concursos de beleza

Talvez seja a hora da conversão
Excluir
Reescrever
Recriar um novo Eu
Que seja capaz de ir

Siga
Faça por merecer
Recolha os meus cacos
E vire esse jogo

Ciúme


Não quero que você saia
Fique aqui
O que você quer ver lá fora?

Perder-se é muito fácil
Talvez faltem motivos para voltar

O risco
É meu
De ser riscado

Eu quero diminuir a coleira
Criar em cativeiro
E vendar os olhos
Vedar as vontades

As oportunidades
Que tentam
Te levar para longe

Seja meu

Eu


Assim?
Não
Quero o meu jeito
Como sempre foi

A falta de entendimento
É problema seu

Eu prefiro continuar

Minha língua
Tem vida própria
Asneiras já saíram

Errar faz parte do repertório
Não me obrigue a mudar

Ignorância
Na riqueza e na pobreza
Até que a morte nos separe

Cuidar


A primeira impressão nem sempre
Mas talvez olhando um pouco mais
Perceba

Essa pode ser a grande chance
Ache o diamante
Limpe
E o coloque em uma redoma de vidro

Proteja-o
Com o carinho
Como uma mãe amamenta o filho

Receita


À vontade
As brincadeiras fluem
Eu não te conheço
Nem mesmo sei o seu nome
Mas aconteceu

Química
Combustível, comburente
E calor mais que necessário

A interação
Harmonia, melodia e ritmo

Amanhã?
O hoje ainda está acontecendo
Quero aproveitar
Enquanto ainda não perdemos a conexão

Deixe o vôo atrasar
Já esqueci o meu destino