Abre Aspas


"
O poeta é um fingidor. Finge tão completamente, que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente." (Fernando Pessoa)

15 de agosto de 2010

Fechar


Eu não quero sair

Uma cama
Um travesseiro
É o que me basta

Um reconforto sincero
Pelo tempo que passei
Andando sem rumo

Pela vida, pelo mundo
Atrás de Atlanta
Buscando o tesouro de Rá

Desisto

Um momento meu
Em que possa me enfiar no casulo
E me engolir
Completamente

A autofagia sentimental
Necessária
Para surgir
Entre as cinzas
Recuperar o que perdi

A inocência
E a vontade de arriscar

Como um virgem
Mas sem esquecer
Da maturidade
E do discernimento
Que ganhei de brinde
Quando comprei a experiência

Me deixem só
Para curar essa ferida

O automático fundiu o motor

Silêncio


É inquietante
A distância é grande
E a intimidade se perdeu

Como não percebemos?
Ficamos tão diferentes...

Já não há mais o que dizer
O que contar
Será que ainda podemos voltar?

Me corrói
Ver que não somos mais amigos

Conjugar

Me coloque
No presente do subjuntivo
E se me amas

Deixe que o futuro indique
Que tu esquecerás as mágoas
Do pretérito imperfeito
Quando brigávamos
Por coisas bobas

Impera a vontade
Continuemos nós
Essa jornada

Até o infinito chegar